Sábado eu fui assistir o filme "Meu nome não é Johnny". Fui meio receoso, pois em um filme protagonizado por Selton Mello (que só fazia comédias) era pra se duvidar. Enfim, dentro do cinema, comecei a apreciar o produto. Para minha surpresa, o cara simplesmente dá um show. O filme conta a história de um playboy do Rio de Janeiro, que da noite para o dia vira traficante. Ele até consegue ganhar dinheiro, mas consome muita cocaína também. Ou seja, fica elas por elas. E o Selton simplesmente detona no papel de João Estrella.
Vê-se que ele, o João, é um rapaz inconseqüênte, que enxerga tudo como uma grande brincadeira. Por exemplo, a cena da gôndola, em que ele e a Sofia (interpretada pela bela Cléo Pires) andam românticamente, e de repente o João começa a gritar "velocitá, velocitá", para que o carinha ande mais rápido. Essa cena, em particular, me lembrou pessoas que eu conheci na época da escola. Pessoas iguais ao João Estrella. Sem objetivo nenhum, sem vontade nenhuma, só querendo curtir a vida, de uma forma muito imatura, por sinal. Só.
Claro, a cena do julgamento é a mais forte. O momento em que ele cai na real, vê a mãe chorando ao fundo, e os amigos sendo condenados. A grande frase fica aí: "Meu nome náo é Johnny... é João!". Também têm um grande destaque para a mãe dele, que quando questionada sobre a profissão do filho, diz: "Ah, é algo com vendas aê...". Um retrato bem direto de muitas mães que sequer sabem as notas dos filhos nas escolas. Diferente de "2 Filhos de Francisco", que é lotado de merchandising, "Meu nome não é Johnny" não tem quase nenhum anúncio. Pelo menos foi o que eu percebi. Isso deixa o filme mais realista, menos forçado. O brasileiro já percebe quando o painel do Bradesco tá atrás do protagonista, simplesmente para aparecer. Fica uma coisa óbvia.
Enfim, algumas coisas no filme também me deixaram idignado. A começar pela passagem de tempo. Enquanto os personagens em volta dos protagonistas mudam o visual a cada 15 minutos (destaque para Rafaela Mandelli), o João e a Sofia quase não mudam. A Cléo Pires fica com o cabelo escorrido o filme inteiro. Selton Melo no máximo alisa o cabelo ruim, só. Não se sabe se os anos estão passando de pressa ou devagar. Perde-se a noção. E outra, o desfecho também é triste. Como assim, ele foi julgado incapaz de seus atos? Foi considerado louco, e mandado para o manicômio? Calmaê. Isso é um fato, aconteceu. Mas como? Ele era traficante, levava drogas pra Europa e tudo, dava festas dentro de casa, com consumo liberado. E foi condenado à 2 anos de prisão? Assim não pode, assim não dá.
Embora a frase final do filme, dizendo que João Estrella é um exemplo da recuparação no Brasil, e que o próprio João hoje seja um cara totalmente diferente, consciente, acredito que se houverem mais casos iguais ao dele, o negócio vira bagunça. Então qualquer playboy que começar a vender drogas poderá ser considerado louco, e em 2 anos ele estará ciente de tudo que fazia de errado, e será um novo homem? Por favor né!
Enfim, o filme é bom, e eu recomendo. É um próximo passo que o Brasil dá no mundo cinematográfico. Já soube que a tragédia do ônibus 174 vai virar filme também, e que o Matias (André Mauro) do Tropa de Elite será um oficial do Bope nesse novo filme (seria um Dejavú?). Já estou esperando por esse.
Mas só. Filmes da vida do Belo ou da Bruna Surfistinha podem ser engavetados, na boa.
Um comentário:
Hehehe muito bom!
O filme mostra as reviravoltas que a vida pode dar... mostra que há sim uma luz no fim do túnel e que ainda há gente que sabe aproveitar uma segunda chance. Outra lição importante aos nossos jovens: o cuidado maior deve-se ter com a linha tênue que reside entre consumir a droga e tornar-se escravo dela... Um dia ou outro nós pagamos pelas nossas inconsequências.
Parabéns pelo blog, muito bom!
Um abraço,
Vitor
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