terça-feira, 19 de maio de 2009

A América ferve!


Sábado, 15 de maio de 2010. Começa a final do maior evento musical de todo o continente. É o Amerivison. Inspirado no concurso musical europeu (Eurovision), o Amerivision possui representantes dos 35 países do continente, e estima-se que 300 milhões de pessoas irão assistir à essa final, que está mais do que concorrida.
As regras do concurso são simples. Cada país deve eleger um representante, em seletivas internas. Não há restrição para a categoria do participante, podendo ser famoso ou amador, desde que seja cantado no idioma local. O concurso ocorre em três etapas: a 1ª semifinal, 2ª semifinal e final. Cada uma em um dia, com intervalo de 48 horas para que os organizadores possam ver a repercussão dos shows na imprensa.
A final ocorre no último dia e conta com 17 países. Os mais influentes como Estados Unidos, Canadá, Brasil e Argentina já possuem vaga garantida. O país que sedia o evento também. O cantor vencedor (ou cantores, pois se admite até trio) leva o concurso para o seu país no ano seguinte.
Em 2010 a festa acontece no México, cujo governo tratou de mostrar uma bela organização para apagar o incidente da gripe suína, no ano anterior. A Cidade do México ferve. Pelas ruas, as pessoas entoam os hits que tocam nas rádios e nas chamadas de TV.
No Brasil a Globo, que após uma longa disputa com o SBT e Record, conseguiu adiquirir os direitos de transmissão. Chamadas pipocam na programação do canal a todo o momento, e inclusive uma merchandising indireta é feita durante as novelas.
Eis que acaba a novela e entra a abertura do programa. Todos ficam atentos. Em uma arena de shows extremamente lotada, semelhante à do Rio, o apresentador, o ex-RBD Alfonso Herrera, faz as boas vindas ao México e chama o primeiro concorrente, de Santa Lúcia. Entra um garoto com uma meia-lua nas mãos e atrás dele três garotas com roupas típicas do país. Começa a música. Quem pensou que seria algo tranquilo e sereno se engana. Logo o garoto joga a meia-lua no canto do palco e entoa um hit pop/electro de fazer a platéia se levantar e dançar junto. Os narradores do concurso se impressionam com o alvoroço. O próximo concorrente terá a difícil missão de conseguir o mesmo feito.
A música acaba, e o rapaz sai do palco ovacionado. Entra então a concorrente brasileira. Uma garota com um vestido florido, sozinha. Nas mãos, só o microfone. Entona um ritmo mais lento, suave. A platéia acompanha com a cabeça e sussurra a melodia. Os narradores também, como se fossem atrapalhar a cantora caso falassem alto demais.
Ela termina a canção e agradece. A platéia aplaude de pé. Os narradores rasgam elogios à concorrente. E assim vai acontecendo. O trio americano desfere solos de guitarra que levam todos ao delírio. A platéia grita junto com o vocalista, que corre em direção à eles, como se fosse dar um mergulho mortal. A dupla canadense também não faz feio, e mostra uma coreografia típica do norte do continente.
A escolha do vencedor é feita de modo muito democrático e inteligente: as votações são feitas de duas formas, através de um júri especializado, com representantes de cada país e através do voto popular, por telefone. Porém nem o jurado e nem o espectador podem votar no candidato de seu país. Na tela da Globo, um letreiro passa abaixo das imagens, a cada 15 minutos, dizendo que caso o espectador vote no candidato de seu país, irá pagar pela ligação, porém seu voto será descartado.
Ao fim da apresentação, todos os candidatos se reúnem no palco, e então o apresentador entra com um envelope dourado. Com a audiência nas alturas, ele é instruído a não relevar o resultado de imediato. Então começa a conversar com os concorrentes, que estão extremamente nervosos. Parte para o cantor argentino, e pergunta o que ele acha da beleza da brasileira. O cantor mal consegue balbuciar algumas palavras, e a platéia já cai no riso. Em seguida ele chega na dupla de cantoras panamenhas e pergunta se ambas são irmãs. A resposta é afirmativa, e logo em seguida ele emenda outra pergunta sobre como elas começaram a cantar. A resposta é rápida e evasiva. "Nossos pais nos estimularam desde cedo".
Alfonso então recebe o aval para revelar o resultado. Caminha até o centro do palco e abre o envelope. De costas para os participantes, lê o resultado antes de dizer. O som de mistério faz com que o público e os participantes fiquem mais apreensivos do que já estão. Então se vira para eles e abre um largo sorriso. "Parabéns Santa Lúcia, você é o vencedor". O rapaz, junto com suas dançarinas, começa a gritar e pular, e logo recebem abraços dos outros concorrentes. Na tela é revelada a colocação de cada um. Santa Lucia teve uma vitória esmagadora sobre o segundo colocado, a Agentina. O Brasil ficou em 6º lugar, e os Estados Unidos em 10º. A platéia vibra, pula, exibe faixas com o nome do concorrente. Nos telões atrás dele é exibido novamente o vídeo de sua apresentação. Com o fim da apresentação, todos caminham para a sala de imprensa para a primeira coletiva. Jornalistas do mundo todo aguardam ansiosos pelo vencedor, que entra em êxtase. As perguntas logo são direcionadas para ele, que responde tudo de forma categórica. A música que compôs e cantou foi inspirada em sua própria história. Mas aí vem a grande surpresa: ele não nasceu em Santa Lúcia, e sim no Haiti. Com medo da guerra e da miséria, seus pais se mudaram logo quando ele tinha 1 ano de idade.
No dia seguinte os telejornais, impressos e websites noticiam em grande porte a vitória do cantor. As rádios dão a notícia e em seguida tocam sua música, que com certeza se tornará o hit mais tocado do ano. Para 2010 o governo de Santa Lúcia promete um evento de grande porte também, melhor que o do México. Por hora, os espectadores correm para as lojas para comprar o CD e DVD com as apresentações de todos os participantes.

OBS: Não sei o que me deu, mas li uma notícia neste estilo sobre o Eurovision, e fiquei inspirado. Claro que a notícia é fictícia.

sábado, 16 de maio de 2009

Os bons e os maus



Ontem assisti "Anjos e Demônios". Tô sem fôlego até agora. Sério. Dizer que o filme é muito bom é clichê demais. Mas é.
Pra quem gostou de "O Código Da Vinci", esse filme segue a mesma linha. Mistérios, pistas, correrias, mais pistas, pistas equivocadas e surpresa no final. Tudo isso unido à atuação do elenco deixa o filme mais dinâmico, interessante.
Tom Hanks volta no papel de Robert Langdon. Eu digo volta porque este filme, que é a adaptação do livro homônimo, teve seu roteiro alterado para ser a continuação de o Código (na ordem dos livros, Anjos e Demônios vem primeiro).
E Hanks sabe muito bem dar a continuidade no personagem. Se no 1º filme ele estava acadêmico demais e pouco ativo, neste ele está mais solto. Claro que volta e meia ele começa a divagar sobre algum gênio da ciência, mas pelo menos se demonstrou mais esperto.
A bela e talentosíssima atriz israelense Ayelet Zurer dá vida a Victoria Vetra, uma cientista que tem sua experiência de maior valor (a partícula de antimatéria, uma potencial bomba) roubada assim que consegue concretizá-la. Unida a Langdon, ela tenta descobrir onde sua experiência está.
Juntam-se a ele Ewan McGregor, interpretando o camerlengo Patrick McKenna. Dizer que McGregor surpreende no papel também é clichê. Acredito que não haja ator que consiga ser mais convincente em qualquer papel do que ele. Por fim, Stellan Skarsgård como o comandante Richter e Pierfrancesco Favino como o inspetor Olivetti. Assim, junto com o assassino sem nome, o círculo principal do filme está definido.
A história é mais simples, mas interessante também. Morre o papa, e como de praxe, é iniciado o conclave para escolher o novo representante da igreja católica. Porém os 4 cardeais com mais chances de ocuparem o lugar são sequestrados. Em seguida a polícia recebe uma mensagem enigmática, dando a entender que os cardeais irão morrer, que a bomba está no Vaticano e que a meia-noite do dia seguinte ela explodirá. Logo Langdon é chamado para desvendar toda essa trama, salvar os cardeais e impedir que a bomba exploda. Junto com ele, Victoria, os guardas da polícia italiana e suíça (que fazem a guarda do papa) e o padre McKenna, com sua influência dentro do Vaticano.
Começa então a correria. O filme tem rápidas sacadas e cenários de tirar o fôlego. Roma em peso é mostrada, com suas igrejas milenares. Unidos à boa atuação do elenco, você acaba se envolvendo na história. Ao invés de tentar prever o que vai acontecer, o espectador acompanha junto com Robert e Victória o desenrolar da trama. As cenas no arquivo do Vaticano tinham tudo para ser as mais chatas. E não são. Ayelet Zurer é dinâmica, sabe interagir com Tom Hanks. Ewan McGregor então nem se fala. Praticamente te convence como o mocinho da história. Sem contar que as tradições e costumes do Vaticano são explorados neste filme. Acho que foi por isso que o próprio pediu um boicote de seus fiéis à essa produção.
Em um balanço geral, "Anjos e demônios" surpreende. Ao contrário de "O Código da Vinci", este filme não fica tão preso ao livro e utiliza acontecimentos atuais para incrementar sua trama. O resultado: um filme que deixa o espectador com gostinho de "quero mais". Agora, se Dan Brown vai escrever outro livro estrelado por Langdon, ninguém sabe. Mas que ele escreveu os dois para que fossem transformados em filmes, não há dúvidas.
Mas fica a dica. E se alguém quiser me dar de presente, lá no meu aniversário, em dezembro, eu aceito. Já tenho o "Código" versão extendida de colecionador. Mais um pra minha prateleira não faria mal não.
Abaixo segue o trailer, outra parte desta produção que também não deixa a desejar.


terça-feira, 5 de maio de 2009

Como as coisas são

Pra você ver como as coisas são. Viajei no último final de semana pra praia. Uma correria danada. Perdi o ônibus pra voltar pra casa, cheguei em casa no horário em que deveria estar na rodoviária, fiz o Eric (meu primo) correr com mochila de acampamento até a rodovia e cheguei 5 minutos antes do ônibus partir. Enfim, parti. Cheguei em Santos crente que estava em Praia Grande. Fiz "conexão pra outro ônibus e demorei 2 horas pra chegar em Itanhaém. Quando tava na pista, duvidei de uns prédios, que em segundos descobri que poderia ter descido ali. Mas fui pra rodoviária, peguei um taxi e fui pra colônia. Lá a primeira noite foi osso. Alergia ao cobertor, falta de ar e pernilongos a noite toda. No dia seguinte parecia um zumbi. Na chuva. Porque choveu o final de semana todo. Mas deu pra ver a praia, tomar cerveja na areia, rir das histórias da tia Izabel, conversar (e muito) com o Eric e andar de bondinho. Na volta, algo inusitado: voltei pra mesma rodoviária, e então descobri que estava em Santos. 2 horas antes do ônibus partir. Outro ônibus aguardava na plataforma. Corri no guichê da Cometa e a atendente realizou a troca das passagens. Pra mim e pro Eric. E alertou: "O ônibus de vocês não partiria daqui, e sim de Praia Grande". Ou seja, se não fosse a antecipação, ficaríamos lá o resto do dia. Mas aí a gente voltou. 2 horas mais cedo. Cheguei aqui e minha irmã me ligou: "A vó está mal, está no hospital. Está pedindo pra te ver". Gelei. Fui vê-la então. No corredor, a médica já adiantava: "Estamos fazendo o possível, mas pela idade não vai adiantar muito". Entrei no quarto e vi minha avó deitada, respirando com dificuldade. Segurei na mão dela e chamei "Vó, estou aqui. Vim te buscar. Vamos embora?". Ela só olhou pra mim. Não conseguia mais falar. Do outro lado da cama, minha tia Jane, triste. Minha outra avó entrou no quarto, e eu saí, pra descongestionar. Lá fora, enquanto esperava, conversando com a Rita, vi meu pai sair, triste e chorando. Ele chegou perto e falou baixo. "Morreu". Abracei-o, forte. Depois fui lá dentro. Abracei a Jane, que estava desolada. Olhei pra vó. Sem reação.
No outro dia, o enterro. Liguei pro vô Joaquim e pedi carona. Ele topou na hora. Fui dirigindo pra ele e pra vó Lourdes. É dois, agora são só vocês. No cemitério, várias pessoas da família. Mal cheguei no lugar e bateu um vendaval de entortar as árvores. Fui lá dentro, abracei as tias e a Jane de novo. Com certeza, a que mais sentiu a perda. Voltei lá pra fora. Não quis ficar muito em cima da vó pra não lembrar dela sofrendo. Experiência própria. Com o tempo, as lembranças ruins se vão, e só ficam as boas. Quero lembrar da vó fazendo bolo pra mim, me abraçando forte toda vez que me via, me beijando e gritando pra todo mundo "meu neto", me fazendo sentir o cheirinho de vó que só ela tinha.
No enterro, o caixão descendo, a Jane passando mal e minha prima lá de longe chegando correndo. Deu tempo.
E pensar que minha vó pediu pra me ver, pra ver minha irmã mais nova e minhas primas do coração. Por questão de tempo, só eu consegui chegar. A vó me esperou, como sempre. Representei as outras, olha só. Pra você ver com as coisas são.