Na faculdade fui incumbido de analisar uma publicação impressa. Junto com o André, escolhemos a Rolling Stone. A minha idéia era fazer algo mais tranqüilo, menos trabalhoso. Sequer havia folheado uma Rolling Stone, só sabia da sua fama nos EUA. Pois bem, aceitei o desafio. Queria conhecer uma revista diferente.
Passei na banca e comprei um exemplar com o vocalista do Radiohead na capa. O formato da revista já chamou a atenção, pois é maior que o normal. Mas mais chocante ainda foi a chamada de capa: "O futuro da música pertence ao Radiohead". De cara já vi que a revista não tem medo de falar o que pensa.
Dentro do ônibus, enquanto ia para a faculdade, abri a revista e comecei a folheá-la. O ônibus começou a lotar, e mal dava para virar a página. Comecei a ler um texto aqui, outro texto ali, e quando percebi, a menina que estava ao meu lado lia junto comigo.
Uma matéria em especial me chamou a atenção. Seu título era "Senzala moderna", e falava sobre o trabalho escravo no Brasil nos tempos atuais. A forma de redação era incrível e as fotos excelentes. Não conseguia parar de ler, e ficava feliz a cada semáforo ou ponto que o ônibus parava, pois tinha mais tempo de leitura. A forma como foi escrita, as fontes utilizadas, as imagens, tudo me deixava empolgado. Tanto que mal percebi a extensão do texto. Quando terminei de ler, pensei "Uau!".
Comecei a ler a reportagem seguinte, "Escola nota 10", mas já estava dentro da faculdade. Quando cheguei em casa, logo tirei a revista da bolsa e comecei a ler de novo. Fiquei impressionado não só pela forma de redação também, mas pelas informações que passava. Lembrei então que estava avaliando a revista, e que não poderia me deslumbrar tanto assim.
Li a matéria do Radiohead, que é de produção internacional, mas com uma qualidade incrível também. Quando percebi, tinha praticamente devorado todo o texto da revista em poucos dias. O conteúdo é longo e muito bem detalhado, mas nem se percebe, de tão gostoso que fica ao se ler.
Comprei a nova edição que saiu em março, com os irmãos Cavaleira na capa. Novamente comecei a ler dentro do ônibus, com a mesma empolgação da anterior. A matéria dos irmãos é fantástica, e até eu que só ouvira falar vagamente do Sepultura me senti íntimo do assunto. É como se estivesse acompanhando o repórter que a escreveu. Muito bom.
Li a reportagem sobre a cantora americana Britney Spears, em consideração ao André, que é superfã dessa loirinha, e também fiquei impressionado. As imagens, a forma como o texto é redigido, o modo como são passadas ao leitor as informações que o jornalista capta simplesmente é demais. Mais uma vez lembrei da professora dizendo que não era para fazer propaganda da revista no trabalho, mas sim uma análise extremamente crítica.
Então comecei a pesquisar a história da revista, seus dados técnicos e até um possível contato na redação. Falei com o Pablo, muito gente boa e atencioso por sinal, mas que era a obrigado a respeitar um regulamento interno da revista de não dar suporte para trabalhos universitários, uma vez que recebe várias solicitações dessas por mês, o que atrapalha seu trabalho.
Pesquisei também fatos curiosos da publicação, e o que mais me impressionou foi a entrevista com o ator Rodrigo Santoro, na edição de janeiro de 2007. Todos ficaram impressionados, quando ele disse, exclusivamente, que seu personagem recém chegado em LOST iria morrer. Até me lembrei de ter lido algo a respeito, de tamanha que foi a repercussão.
Acabei descobrindo uma nova revista, uma nova leitura. A Rolling Stone não tem a preocupação de agradar suas fontes, ela escreve o que entende, o que observa. Percebe-se a liberdade dos repórteres em muitas vezes criticar ou elogiar uma pessoa, sem por isso ser taxado de puxa-saco ou ranzinza. O conteúdo produzido aqui no Brasil em nada deixa a desejar, se comparado ao modelo norte-americano. Talvez esse seja o único "porém" na publicação, que são as matérias traduzidas. Com certeza o conteúdo poderia ser 100% redigido aqui, pois qualidade pra isso a revista tem.
A crítica, por fim, fica ao modelo argentino, que eu também analisei. Mas como desconheço a cena musical argentina, me preocupei em somente avaliar o texto. Fraco, por sinal.
Para a revista eu digo PARABÉNS. Não sugiro pautas por que gosto da surpresa de abrir e me deparar com um assunto diferente e interessante. Só peço que não deixem a qualidade cair, e que continue impressionando os leitores como eu todo mês. Pablo, pode ter a certeza que todo seu esforço e dedicação, assim como os dos demais colaboradores da revista, são muito bem recompensados.
E sobre qualidade da apresentação, deixo a cargo dos meus colegas, para quem apresentei. A professora ficou impressionada, e recebi vários elogios e congratulações após a aula. Embora tenha tido pouco tempo para realizar esta análise, saí com o sentimento de "dever cumprido". Que bom!
Um comentário:
Olá, Marcus!
Na Autrália, será?
Parabéns pelo teu texto e tem uma boa semana,
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