A Copa do Mundo de Futebol ocorre neste exato momento na África do Sul. Eu, como bom brasileiro, torço muito pelo sucesso da seleção do meu país. Mas além de torcer pelo Brasil, também estou acompanhando com o mesmo entusiasmo, o desempenho dos "All Whites", time da Nova Zelândia. Aquela pequena nação, que conquistou meu coração no ano passado, participa pela segunda vez de uma Copa do Mundo.
Acaba não sendo muito difícil traçar um paralelo entre os dois países. Porém com as mais completas observações. O Brasil é o país do futebol. Temos aqui, de acordo com a CBF, 700 clubes profissionais, totalizando mais de 13,1 milhões de jogadores e que, em 2009, movimentou R$ 1,9 bilhão, valor apontado em um levantamento feito pela consultoria Crowe Horwarth RCS. Nas Copas do Mundo, além de ser o único time presente em todos os torneios, também é o único cinco vezes campeão, conquistando esse título em todos os continentes onde a competição já foi realizada. A esperança agora é fazer mais este feito na África.
A Nova Zelândia participou apenas em 1982, e em 2010, para a grande maioria da imprensa mundial, não prometia muito. E eis que o primeiro ponto já saiu no primeiro jogo, em um empate contra a Eslováquia. E mais, ainda conseguiram arrancar outro empate contra a poderosíssima Itália. Como disse um telejornal brasileiro, "foi o pouco com gosto de muito". Para um país com pouca tradição no esporte, esse "muito" merece grande destaque.
Mas acredito que as semelhanças entre esses dois países ocorre quando são considerados os dois esportes que são respectivas paixões nacionais: futebol e rugby. O Brasil está para o futebol assim como a Nova Zelândia está para o rugby. Toda a estrutura, transações financeiras e, principalmente, paixão popular em ambos os países estão voltados para estes esportes. Lembro-me que quando morei em Auckland, no curto espaço de tempo de 3 meses, percebi logo nos primeiros dias a paixão dos "kiwis" pelo rugby, desporto tão estranho aos olhos de um brasileiro.
Lá, na terra do Senhor dos Anéis, existem mais de 20 times profissionais de rugby, e a movimentação financeira chega a 470 milhões de euros no mundo todo. Aqui no Brasil o rugby é pouco famoso, mais conhecido pela violência das jogadas dos seus atletas. Anualmente movimenta milhões de fãs e dinheiro pelo mundo todo. São patrocínios, audiência, estádios e espetáculos dignos de um grande esporte.
Jogadores brasileiros como Kaká, Luis Fabiano e Robinho hoje apresentam o melhor futebol da atualidade, enquanto no rugby essa tarefa é facilmente desempenhada pelos talentosissimos Dan Carter, Rick Macaw e Luke Mcalister, entre outros.
E se o Brasil é o próximo na fila a sediar a Copa do Mundo de futebol, em 2014, a Nova Zelândia já está praticamente pronta para receber a Copa do Mundo de rugby, em 2011. Aqui são 12 cidades que terão a honra de receber os jogos, enquanto lá serão 13. O nosso maior estádio, o Maracanã, no Rio de Janeiro, tem com grandes chances de receber a final. Lá já está decidido, será o majestoso Eden Park, em Auckland.
O fato é que ambos os países hoje sabem muito bem como envolver toda a população em um só coração e nele fazer brotar um patriotismo saudável, que faz o cidadão amar, sem exageros, o país ao qual nasceu. Acreditar que o esporte pode mudar a qualidade de vida de uma nação é um desafio que governantes vêm enfrentando há séculos, e que tanto o Brasil quanto a Nova Zelândia estão conseguindo mostrar que é possível.
E não haverá espanto caso a Nova Zelândia passe da fase de grupos na Copa e marque mais pontos. O desafio, como sempre, é inovar. Em 2016, pela primeira vez uma cidade da América do Sul irá organizar as Olimpíadas. E o rugby estará lá, fazendo sua grande estréia como esporte olímpico. Não duvido que após isso (ou antes mesmo) o brasileiro desenvolva o interesse por um esporte tão impopular em seu território, mas capaz de desenvolver uma nova paixão, assim como o futebol fez na Nova Zelândia.
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